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A Mimic atua no modelo de “cozinhas como um serviço”. Com o aporte, pretende cobrir toda a cidade de São Paulo até o final de 2020


A Mimic, startup brasileira que surfa na onda global das dark kitchens e agrega ainda mais serviços aos restaurantes clientes, anunciou publicamente ter recebido um aporte semente pré-operacional de R$ 37,2 milhões pela cotação atual (originalmente, US$ 9 milhões). A rodada foi negociada em maio deste ano.
O investimento foi liderado pelo fundo Monashees (investidor de startups de logística como 99, Loggi, Rappi e Yellow) e completado por Canary (Buser, Shopper e Volanty) e Valor Capital Group (CargoX, Gympass e Mandaê). Também participaram investidores na pessoa física, como David Vélez (Nubank), Fernando Gadotti (DogHero), José Galló (Renner), Renato Freitas (99) e Vinicius Ferriani (Gympass).

Ideia de negócio: cozinha como um serviço

A Mimic foi criada no começo deste ano pelo equatoriano Andres Andrade, que trabalhou no mercado imobiliário. Sua proposta é atender regiões com pouca oferta de restaurantes, fornecendo estrutura e soluções para marcas implementarem operações de delivery. Andrade olhou para empreendimentos como Cloud Kitchens (Estados Unidos), Kitopi (Emirados Árabes Unidos) e Rebel Foods (Índia). Vale lembrar que até mesmo o aplicativo de delivery Rappi está criando sua dark kitchen.

A Mimic começou com a ideia de ser apenas um espaço para restaurantes montarem operações de delivery. Logo percebeu que a dor principal não estava apenas em ter um local, mas em dar tempo para os empreendedores se concentrarem no restaurante. “Buscamos dar automação e escala à operação de delivery. Empreendedores, consumidores e entregadores: nenhum deles quer misturar a operação física com a online”, diz Andrade.

Segundo o presidente e fundador da Mimic, a penetração do delivery de alimentos no Brasil ainda vai de 3 a 4%. Na China, o percentual é de 20%. Mesmo assim, é um mercado de 11 bilhões de reais em terras nacionais, de acordo com a Abrasel. “O tempo de entrega é longo, o preço não é competitivo e a qualidade dos pratos ainda é ruim. Atacamos essas três dores”, diz Andrade.

A startup adquire a operação de entrega desses restaurantes em um modelo de licenciamento, pagando royalties para os estabelecimentos e assumindo os lucros da operação de delivery. Cada dark kitchen da Mimic tem câmaras frias, espaços para pré-preparo de carne, peixes e vegetais e também equipamentos industriais para produzir os pratos.

A Mimic dá a estrutura da cozinha, mas também define o processo de produção, treina a equipe, gere os parceiros de entrega Rappi e Uber Eats, cria um um canal de atendimento ao consumidor e define o raio ideal de entrega para manter a qualidade dos alimentos. A empresa tem hoje uma unidade do bairro paulistano de Pinheiros, com a hamburgueria Patties Burger. Em dias de pico, o espaço de 300 metros quadrados produz três mil hambúrgueres. Três estabelecimentos entrarão no local no primeiro trimestre de 2020: um café, uma pizzaria e um restaurante de massas.

Planos da Mimic: expansão e tecnologia

Com seus US$ 9 milhões, a Mimic projeta cobrir toda a cidade de São Paulo até o final de 2020. Oito espaços seriam suficiente para tal, segundo Andrade. Além da dark kitchen em Pinheiros, outras quatro já estão em construção nos bairros Itaim Bibi, Vila Olímpia, Perdizes e Vila Mariana.

Outro objetivo com o investimento é melhorar a tecnologia envolvida na Mimic. O software proprietário Bline acompanha cada pedido, mostrando onde cada encomenda está dentro de suas cozinhas.

“Montaremos equipes de produto e de dados para tornar a jornada do delivery mais consistente. Nosso sonho é fazer entregas em 20 minutos, e isso só é possível com inteligência”, diz. Por exemplo, a Mimic poderá começar a produzir um pedido se souber que você costuma pedir um certo hambúrguer toda quinta-feira.

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