abrasel

Abrasel no Amapá demanda que a categoria seja ouvida sobre a regulamentação da lei

Empresário Thiago Santiago exibe canudos adotados biodegradáveis no empreendimento — Foto: Victor Vidigal/G1

A lei que proíbe canudos plásticos descartáveis em estabelecimentos de alimentação no estado, dividiu opiniões. O empresariado que já tem estoque do produto, por exemplo, teme prejuízos, segundo a Abrasel no Amapá. Basicamente, o texto determina que não devem ser distribuídos nem vendidos os canudinhos de plástico em restaurantes, bares, lanchonetes, quiosques e empreendimentos similares. A lei ainda precisa ser regulamentada.

De acordo com Yukio Nagano, presidente da Abrasel no AP, a proposta pode causar prejuízos ao empresariado que já tem estoque de canudos plásticos nas distribuidoras de material descartável da capital. Outra demanda é que a categoria seja ouvida sobre a regulamentação da lei, assim como aconteceu quando uma lei semelhante foi aprovada na capital em 2018.

"É importante ter um diálogo com a opinião pública, para que certos setores da economia não saiam prejudicados. Para um bar e restaurante restringir a distribuição dos canudos convencionais é mais tranquilo, mas isso impacta diretamente nos fornecedores de descartáveis que já têm um estoque desse produto", afirmou Nagano.

Um dos possíveis prejudicados é o Roberto Vieira, de 53 anos, dono de uma loja de descartáveis no bairro Buritizal, na Zona Sul da capital. Com pouco estoque de canudos plásticos, ele prevê que a medida não irá ter tanto impacto nas finanças da loja. No entanto, a preocupação é com relação aos clientes que terão que pagar mais caro pelos canudos biodegradáveis. Atualmente, a diferença de preço na loja varia de R$ 1 a R$ 4 o pacote.

"É uma proposta boa por causa da questão do meio ambiente, mas impacta aqueles clientes que têm o poder aquisitivo mais baixo, porque a gente sabe que o material biodegradável é um pouco mais caro", disse Vieira. O projeto surgiu na Assembleia Legislativa do Amapá (Alap) e foi aprovado em dezembro de 2019 pelos deputados estaduais.

O presidente da Abrasel no estado cobrou que a entidade seja chamada para participar do processo de regulamentação da lei e deixou algumas sugestões para que a regra seja aplicada sem prejudicar os empreendedores. "Colocar uma data para a validação da medida, da aprovação. E até mesmo medidas menos coercitivas e mais de conscientização como a criação de um selo meio-ambiente, onde o estabelecimento que tivesse se comprometeria a utilizar somente produtos biodegradáveis", recomentou Nagano.

A hamburgueria da qual Thiago Santiago é proprietário, no Centro de Macapá, já segue a norma. No local é fornecido apenas canudos de plástico biodegradável aos clientes, e houve abolição das sacolas plásticas. Santiago admite que o gasto é um pouco maior, mas acredita que a contrapartida é mais vantajosa. "Existe realmente um aumento de cerca de 20% no valor do canudo tradicional, mas no final acaba valendo a pena porque você consegue aderir a essa tendência da sustentabilidade e ainda faz a sua parte de cuidar do meio ambiente. Se cada um fizer a sua parte, o bem vai ser maior", disse o empresário.

Fonte: G1

Comentários