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Confira algumas perguntas e respostas sobre cervejarias no país



O que torna uma cerveja artesanal? De volta ao debate após os casos de intoxicação da cerveja Backer em Minas Gerais, a pergunta não tem uma resposta exata. Responsável pelo controle da bebida no país, o Ministério da Agricultura não tem uma norma que defina as características do produto.

Quantas cervejarias existem no Brasil? Quanto elas produzem? O país contava com 889 cervejarias e 16.968 marcas de cervejas registradas em 2018, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Agricultura, órgão que regula o setor. Segundo a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), fabricantes independentes produzem cerca de 380 milhões de litros por ano. O volume representa 2,5% dos 14 bilhões de litros da bebida produzidas no Brasil.

O que é cerveja artesanal?
O Ministério da Agricultura não tem uma legislação que defina o que torna uma cerveja artesanal. A Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) usa como critério o volume produzido pela empresa: considera artesanais as cervejas com produção de até 5 milhões de litros por ano, o equivalente a cerca de 415 mil litros por mês. Para efeito de comparação, a maior cervejaria do mundo, a Ab Inbev, fabricou 77,8 bilhões de litros da bebida no Brasil em 2018, o equivalente a 6,5 bilhões de litros por mês.

Cervejas artesanais seguem regras diferentes de produção?
Não, segundo Mariana Boynard. "As cervejas especiais seguem as mesmas regras de produção das comuns, e as exigências de maquinário para suas fábricas são as iguais àquelas seguidas pelas grandes cervejarias", disse.

O que as cervejas artesanais têm em comum?
Na falta de uma definição clara, algumas características aproximam as cervejas artesanais brasileiras. O cuidado acima da média com matéria-prima, entrega e apresentação é uma delas. Alguns exemplos: produto com rótulo desenhado a mão; ingredientes buscados diretamente no produtor, no horário em que estão mais frescos, para obter um melhor resultado na receita; ou os cervejeiros entregam a bebida nas lojas e ensinam aos comerciantes a melhor forma de acondicionamento. De acordo com a Associação Brasileiras de Cerveja Artesanal (Abracerva), a maioria das bebidas do tipo é fabricada em empresas com menos de 1.000 funcionários. Renha destaca, ainda, a flexibilidade como uma semelhança entre essas companhias. "Enquanto uma cervejaria artesanal pode desenvolver um novo produto em um mês, o mesmo processo pode demorar até um ano em uma grande empresa do setor, devido à maior burocracia envolvida numa decisão desse tipo nessas companhias".

Quais os principais tipos de cerveja artesanal no Brasil?
"Como o brasileiro está habituado a bebidas mais adocicadas, as cervejas artesanais com menor nível de amargor fazem mais sucesso", disse Renha. Entre elas, estão as receitas do tipo Pilsen. A variedade é a mesma produzida pelas grandes cervejarias, mas ganha sabor e aroma mais ricos em função do uso de outros tipos de malte e lúpulo pelos pequenos produtores. Com nível de amargor de médio a alto, a India Pale Ale (IPA) é outra cerveja que teve êxito no mercado nacional. A Sour, que tem acidez acima da média e costuma ter frutas entre seus ingredientes, também é tendência e já tem vários adeptos atualmente.

Cerveja pode deixar de ser artesanal?
Com a febre das cervejas artesanais, o mercado brasileiro viu algumas situações do tipo nos últimos anos. A compra da cervejaria Wals e da Colorado pela Ambev, em 2015, e da Brassaria Ampolis pelo Grupo Petrópolis, em 2017, são alguns exemplos. "Muita gente diz que, quando uma pequena cervejaria é adquirida por um grande grupo, ela perde essa classificação", disse Renha. Para ele, porém, a cerveja não deixa de ser artesanal se mantiver os padrões de produção e logística diferenciados após ser adquirida por um novo fabricante..


Caso Backer deve prejudicar setor cervejeiro?
Especialistas em cervejas artesanais tratam o caso com cautela e se mostram preocupados com o esclarecimento do que ocorreu exatamente. "É preciso entender o que aconteceu e a justiça tem que ser feita. O achismo agora só prejudica o setor cervejeiro", disse Mariana. "Respeito e sou solidário à dor das vítimas, mas é muito importante punir os responsáveis pelos erros sem crucificar ninguém", disse Renha. "Acredito que, em pouco tempo, nosso setor renderá boas notícias novamente.

Fonte: Uol Economia

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